Pode ser profissional ou amador na arte da pesca, todos são mentirosos, sempre tem as histórias, e ai vai uma:
Este fato aconteceu dia 1º de abril de 1948, mas garanto que não é mentira. Naquela época eu tinha 12 anos e morava em Aquidauana, Mato Grosso do Sul. Meu falecido pai, Antônio, arrendava um pequeno sítio que ficava a 3 Km da entrada da cidade rio abaixo.
As pessoas que viviam na região devem se lembrar que naquele trecho o rio tinha curvas com mais de 180 graus. Mas nesse memorável 1º de abril à “tardinha” tudo mudou.
Para desfrutar uma pescaria, eu e meu pai apoitamos a canoa na margem do rio e eu já peguei um bambu para ir atrás dos lobós, enquanto meu pai jogou uns 20 metros de linha na água com a ponta amarrada na proa da canoa. Já estávamos há mais de meia hora pescando quando tive uma tremenda dor de barriga e saí correndo à procura de um lugar onde pudesse me aliviar.
Quinze minutos depois retornei e não vi nem o meu pai nem a canoa. Comecei a gritar e escutei sua voz a mais de 100 metros rio acima. Saí correndo pela beira do rio e presenciei uma das cenas mais incríveis da minha vida: meu pai com o barco rente à margem sendo puxado por um grande jaú fisgado. Era um verdadeiro cabo de força.
A briga já durava uma hora quando avistei na estrada um trator do Batalhão do Exército e aos gritos pedi ajuda ao soldado. Muito prestativo, ele pegou a ponta da linha do meu pai e amarrou no engate do seu trator e começou a puxar o peixe para a beira do rio. Quando a gente já tinha arrastado o peixe por mais ou menos 1 km rio acima, o grande jaú desistiu da briga e foi guinchado até a margem. O exemplar era tão grande e a briga foi tão boa que acabou endireitando a curva do rio por mais de um 1 km... e a população ribeirinha que testemunhou a façanha comeu o peixe a semana toda.